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Perspectiva 2021: "œNo primeiro momento, não há vacina para toda população"

Superintendente de Atenção Primária da Sesapi adianta que apenas grupo prioritário deve ser imunizado contra Covid-19 em 2021

31/12/2020 09:33

O cenário, até então inimaginável, de pandemia vivido em 2020 aguçou, mundialmente, o anseio por uma vacina que venha a prevenir a Covid-19. Após quase dez meses dos primeiros casos da doença no Brasil, pelo menos quatro imunizantes estão em fase final de testes, aguardando autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Mas o que parece estar tão perto, pode não chegar para toda população em 2021.

Foto: Arquivo/ODIA

Segundo o superintendente de Atenção Primária da Secretaria de Saúde do Estado do Piauí (Sesapi), Herlon Guimarães, nesse primeiro momento, a vacina deve ser destinada para um público-alvo específico, já que, não será possível ter à disposição uma grande quantidade de doses em pouco tempo. “Nesse primeiro momento, acreditamos que vá ter um número insuficiente de vacinas para toda população e já se diz qual público-alvo deverá ter prioridade para vacinação. A gente fala na população acima de 80 anos, até porque, nossos painéis epidemiológicos não são diferentes do mundo, nem do Brasil. Temos observado que a população mais idosa menos se contamina, pois, a exposição dela é menor. Mas, infelizmente, essa é a faixa etária que mais tá indo a óbito. Então, é importante que a gente tenha esse olhar. E depois, temos as pessoas vivendo com comorbidades, as pessoas vivendo com doenças crônicas estabelecidas e as pessoas que estão cuidando da gente, que são os profissionais de saúde”, esclarece.

Com o acesso limitado à imunização, caberá à população continuar seguindo as medidas de combate à disseminação do vírus, como manter o distanciamento social, uso obrigatório de máscaras e higienização das mãos. “Estamos reaprendo a viver, tendo que adotar medidas de prevenção e o que nós já temos hoje como estudo, de fato concreto para prevenção, é exatamente o distanciamento social, a utilização de máscara e higienização das mãos. Ora, a higienização das mãos, para todos os profissionais de saúde, apendemos ainda na academia, pois é o primeiro ato para que a gente possa evitar infecções cruzadas, que a gente não leve um vírus de um paciente para o outro, que a gente também não seja contaminado. Então, são medidas que nós devemos adotá-las para a vida, elas não vão servir somente para esse momento do coronavírus. Nós temos vários outros tipos de vírus, o zika, a dengue, o sarampo, várias bactérias também convivendo e que podem sim causar outras doenças”, pondera Guimarães.

Possível segunda onda

O superintendente de Atenção Primária da Sesapi, Herlon Guimarães, destaca que, para evitarmos uma possível segunda onda de Covid-19 no Piauí, é necessária a colaboração de toda a população. “Nós estamos assistindo, no mundo, as medidas que foram tomadas fazendo uma regressão, já têm países adotando novamente lockdown por seis meses, fazendo medidas mais duras, para que realmente faça essa contenção da doença. E isso é o que nós não queremos aqui. Precisamos, então, que a população faça sua parte para que a gente não alcance essa nova onda”, pontua.

Movimento antivacina ameaça erradicação de doenças no país

Ganhando adesão entre diversos setores da sociedade civil, o movimento antivacina ameaça a saúde pública do país, que já sente os efeitos. Segundo Herlon Guimarães, em 2019, o Brasil perdeu o certificado de erradicação do sarampo e segue no mesmo caminho para perder o certificado da poliomielite.

“Cada vez mais diminuímos a procura por imunizantes nas nossas unidades de saúde. Com isso, fomos deixando uma parcela da população com a janela aberta para contrair doenças. Daí, com a chegada de um vírus oriundo de um país vizinho, nós deixamos essa janela aberta e o vírus se espalhou pelo país. Em todos os meses do ano de 2018, nós registramos casos de sarampo no país e, por isso, no final de fevereiro de 2019, nós tivemos o certificado de erradicação do sarampo retirado”, conta.

Situação semelhante está em curso com a poliomielite. “Nós também temos um certificado de erradicação da poliomielite, mas, pelo fato de estarmos, pelo menos há seis anos, não conseguindo passar de 50% de cobertura da população a tomar a vacina, a gente tá caindo na possibilidade de perder também esse certificado”, completa.

Herlon explica que além do movimento antivacina, existem outros motivos para que a população não busque as imunizações. “Existe um motivo que parece banal, mas ele é real: os pais de hoje não tiveram contato, não conheceram pessoas e nem viveram o momento das doenças lá da década de 60, 70. Então, pelo simples desconhecimento do quanto é grave você ter determinadas doenças e que sequelas elas poderão criar, essas pessoas terminam baixando a guarda, não levando seus filhos aos postos de saúde e, com isso, nós vamos criando um batalhão de pessoas que não possuem imunidade e aí é a janela, fica a porta aberta para a entrada dessas doenças e, infelizmente, caímos em indicadores ruins para a saúde pública do nosso Estado”, detalha.

O superintendente de Atenção Primária da Sesapi ressalta ainda que o Brasil possui um forte Programa Nacional de Imunização e pede que a população valorize essa conquista , que é almejada por vários países. As correntes antivacinas que existem, nós, enquanto brasileiros, não deveriam os nem sequer dar ouvidos, porque nós temos números e com os números a gente não pode discutir. Nós saímos da mortalidade infantil em relação à poliomielite, à desidratação, diarreia, a vários fatores. Cl aro, precisamos melhorar o saneamento básico e vários outros se tores. Mas, nós temos um programa forte, vacinas que promove m a prevenção contra doenças. Então, não podemos, em hipótese nenhuma, baixar a guarda. Essa é uma briga que temos que ter com os vírus, com as bactérias, com tudo que possa causar doenças. Nós devemos procurar nossas unidades de saúde, temos aí mais de 16 imunizantes para que a gente possa combater vários tipos de doença, inclusive, com uma tomada só de vacina, pode m os afastar até cinco doenças. Então, façamos nossa parte”, convoca.

Por: Virgiane Passos, do Jornal O Dia
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